Estimados amigos:
O ano escolar de 2012 terá inicio, aqui na rede municipal de São Paulo, no dia 06 de fevereiro.
Como faço, desde agosto de 2009, posto aqui um resumo da aula do dia, para que todos possam acompanhar. Isto eu chamo de transparência não invasiva, uma vez que, ao dar conhecimento a comunidade escolar do que fazemos em nossas aulas, não revelo endereços, salários, nomes e imagens de pessoas em close, apenas fotos genéricas que não identificam de imediato ninguém - isto eu chamo de respeito a privacidade (não é porque estamos em uma instituição publica que podemos escancarar dados - que certos portais, ditos "transparentes", tenham isso em mente, ok?!, isto está no art. 5º da Constituição da Republica Federativa do Brasil, chama-se respeito à P R I V A C I D A D E ).
Enquanto as aulas não começam, quero iniciar esta edição de 2012 do blog "Aula Nossa" com um vídeo institucional da Secretaria Municipal de Educação (cerca de sete minutos) mostrando a escola pública que funciona - não essa que está na boca de muitos e que a imprensa mostra somente o lado negativo. Torçamos para que esse projeto do vídeo (sobre música) tenha condições de se expandir para TODA rede. Confira:
Link original, pesquisado em 28/01/2012:http://youtu.be/nHf13Bv6TAA
Termino esta postagem com minha Carta de Compromissos, que me acompanha há vários anos:
Carta de Compromissos 2012
• Ser um referencial positivo na vida de todos que de mim se aproximarem, especialmente crianças, adolescentes e jovens. Para eles quero ser um referencial positivo, um porto seguro com o qual poderão contar, diante de tantos fatos negativos e contra valores que envolvem a todos.
• Meu princípio amplo de trabalho: “respeitar para ser respeitado”. Essa será – e sempre foi – a lógica de meu relacionamento dentro e fora da sala de aula, com todos os seres humanos. A recíproca haverá de ser verdadeira também, sempre.
• Todo meu trabalho docente será, como sempre, sustentado em dois pilares: leitura prazer no início das aulas (com desdobramentos inter e supra disciplinares) e resgate do lúdico na escola - “hora do brinquedo” (brincando a criança se socializa, toma contato com regras, passa a ver a Escola como algo prazeroso etc). Nesse sentido estarei criando e divulgando Planos de Trabalho. Acredito que conteúdos atitudinais e habilidades devam caminhar juntos com os conteúdos tradicionalmente consagrados, se de fato queremos formar cidadãos.
• Meu “norte” de trabalho será (como sempre foi) a criação da autonomia progressiva dos alunos – aluno protagonista. A criança deverá sempre caminhar para a autonomia, ou seja, o governo: de seu corpo, de seu espaço, de seus pertences e de suas ações. Sem isso, o processo educativo da criança fica comprometido, com reflexos no coletivo da classe (quem não cuida de si, cria problemas para todos). Nesse sentido, a família deverá colaborar (aceitando ou não), pois o exercício da cidadania passa pela capacidade de cuidar de si em primeiro lugar. Afinal, a criança não terá o adulto sempre para amarrar seu tênis, servir sua refeição, apontar seus lápis, tomar parte de suas encrencas etc. Queremos cidadãos ou parasitas sociais, que dependem dos outros para ter ação? O cordão umbilical já foi cortado, ou vai matar a criança por asfixia em torno do pescoço? O parto biológico já ocorreu; o parto social está (ou deveria estar) em processo progressivo.
• Prioridade de ação: o aluno em primeiro lugar (1 – O Estatuto da Criança e do Adolescente garante-lhe prioridade nacional absoluta; 2 – sem o Aluno não existe o Professor e, sem estes dois, não existe a Escola e seus desdobramentos institucionais – Professor e Aluno = célula-núcleo da Instituição). Dai a necessidade de direcionar-lhe todas as ações. E é por esta “peneira” que passarão todas as minhas decisões, inclusive os quesitos burocráticos. O Legal jamais poderá estar à frente do Ético (ambos são faces de uma mesma moeda). O “papel solicitado” deverá ser sempre para atender melhor o aluno, respeitando-lhe o caminhar – individual e enquanto classe; se esta finalidade não estiver bem clara, o “papel” vai para o final da fila.
Nesse mesmo sentido, o aluno terá seu ritmo sempre respeitado, mesmo que isso não esteja previsto nos prazos e critérios das avaliações institucionais. Afinal, cada pessoa é única, devendo ser acolhida e valorizada em suas particularidades e capacidades – isto se chama “inclusão”.
• Nunca imporei minha escala de valores a ninguém, mas deixarei claro que a mesma sempre estará norteando minhas ações pedagógicas. Igualmente, dialogarei com escalas de valores diferentes dos meus, assimilando o que eles possuem de positivo, mas sem concordância passiva; tolerância não é nem passividade, nem imposição de um sobre o outro. A Unidade pressupõe Diversidade, sem prevalências ou submissões – isto vale também para a multiplicidade de ferramentas pedagógicas (teóricas e práticas). E Educação é crença: só se faz plenamente bem o que é feito com convicção.
• Educar é comunicar! Todo Educador é Comunicador. E o processo de comunicação deve ser livre de ruídos, senão deforma o ser humano, ao invés de formá-lo. Por isso estarei atento ao processo de comunicação com qualidade, dentro e fora da sala de aula. Problemas que ocorrerem nesse processo serão prontamente erradicados, para evitar o fenômeno “bola de neve” ou “água penetrando nas fendas de uma parede até rompê-la”. Devemos dar o exemplo positivo – e cobrá-lo a todo o momento (bem como ter a humildade de reconhecer quando erramos e corrigirmos prontamente). O aluno nos tem como modelo de comunicador – e isso me lembra uma peça publicitária difundida na Europa (link do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=AtK3mLtPu6o, acessado em 28/01/2012. Duração: 01min32seg ).
Enfim, expus acima, de forma bem resumida, meus objetivos para este ano de 2012. Considero como o mínimo do mínimo para que haja um trabalho de qualidade, no qual eu possa respeitar a todos ao mesmo tempo em que me faço respeitar. Tudo aquilo não posto nesses pontos será objeto de ampla negociação; porém o conteúdo supracitado será executável de forma automática e direta. São como a estrutura de um edifício: se mexer, comprometerá a firmeza da obra; mas os acabamentos (pontos não elencados e, portanto, negociáveis) serão sempre bem-vindos, pois enriquecerão e embelezarão a obra.
Acredito que, meus princípios e projetos pedagógicos (vivenciados e enriquecidos por uma caminhada de mais de uma década na mesma comunidade), enxertados nas metas e propostas assinaladas pela Prefeitura de São Paulo, contribuirão para um grande progresso de nossos alunos – estes, sim, prioridade de qualquer sistema educativo que se preze (todo o resto vem por consequência).
Tenho plena certeza de que estes meus princípios em nada colidem com a legislação em vigor. Muito pelo contrário, é uma forma de dar-lhe pleno cumprimento – somando minha experiência prática aos ideais e metas de nosso Sistema Educacional.
Acredito e adoto a pratica educativa laica, a fim de assegurar amplo respeito à diversidade cultural brasileira. Mas nada impede de citar dois autores que, em seu tempo e contexto, fizeram algo pela educação:
“Manifestem, em toda a sua conduta, o respeito aos alunos que lhes têm sido confiados”.
“Vocês devem educar com firmeza de pai e ternura de mãe”.
(João Batista de La Salle, 1651 – 1719)
“Em
todo jovem, mesmo no mais infeliz, há um ponto acessível ao bem, e a
primeira obrigação do educador é a de buscar esse ponto, essa corda
sensível do coração, e tirar bom proveito”.
“Os
educadores sejam como pais carinhosos. Falem, sirvam de guia em todas
as circunstâncias, deem conselhos e corrijam com bondade”.
(João Bosco, 1815 – 1888)